Contest

9º Concurso História e Significado - Categoria Livre

Return to Awards

Olá, comunidade FineArt!


Que alegria publicar mais uma edição do nosso concurso fotográfico de história e significado!

Quero expressar nossa profunda gratidão a todos os participantes que se dedicaram, sonharam e criaram com tanto amor. Cada imagem enviada foi um testemunho da sensibilidade e do olhar poético que move a nossa comunidade.


Parabenizamos de coração todos os ganhadores! Suas obras são capazes tocar o nosso coração, transformando a união entre texto e fotografia em uma verdadeira dança de emoções. É inspirador ver como a arte pode ganhar novas camadas de significado quando palavras e imagens caminham juntas.


Nosso desejo é que cada participante se sinta parte dessa celebração da arte. Afinal, mais do que uma disputa, este concurso é um espaço para reconhecer o poder que temos de comunicar sentimentos e histórias através da fotografia.

Com gratidão e admiração,

Wellington Fugisse

Fundador da FineArt Association.

Avatar do fotógrafo ALDO BERNARDIS

Photographer

ALDO BERNARDIS

Bahia | Brazil

Foto capturada por @aldobernardis

Fotografei essa imagem no Making-OF Noiva. Sempre que um ente dos noivos é homenageado, eu busco criar um momento entre eles, buscando um elo de conexão. Na imagem, vemos não a noiva, mas sua irmã mais nova, que chora ao lembrar da sua mãe que não se faz mais presente fisicamente. O mais incrível dessa imagem é que a Lágrima da Filha caiu exatamente no canto inferior do olho da mãe, que na imagem, aparece sorrindo, feliz.

Uma imagem incrível e de grande impacto visual.

Avatar do fotógrafo Alexandre Grand

Photographer

Alexandre Grand

Rio de Janeiro | Brazil

Foto capturada por @agrand

O homem solitário que não pertencer a lugar algum e, ao mesmo tempo, pertencendo ao mundo inteiro. Não carrega riquezas, não possui títulos, mas guarda em si uma liberdade que muitos jamais conhecerão. Tem pouco — às vezes apenas o pão do dia, a sombra de uma árvore, o silêncio da estrada. E ainda assim, compartilha o que tem com o próximo, porque sabe que o valor das coisas não está na quantidade, mas no gesto. Ele não tem nada, mas tem tudo: o céu por teto, a terra por caminho e a generosidade como maior tesouro.

Avatar do fotógrafo Alexandre Grand

Photographer

Alexandre Grand

Rio de Janeiro | Brazil

Foto capturada por @agrand

Eu seguro meu coração na mão


Eu seguro meu coração na mão,

literalmente,

como quem carrega um fruto maduro,

pesado de memórias,

suave de esperança.


Ele pulsa quente, inquieto,

às vezes dói, às vezes canta,

mas é meu — inteiro, exposto,

sem couraça, sem esconderijo.


Seguro meu coração

porque sei que, solto, ele voaria,

tateando o mundo em busca de abrigo,

se perdendo em caminhos de vento.


Na palma da mão

ele me lembra que viver é risco:

sangrar é também sentir,

e sentir é a única forma de existir.

Avatar do fotógrafo Alexandre Grand

Photographer

Alexandre Grand

Rio de Janeiro | Brazil

Foto capturada por @agrand

San Antonio, Texas

"Sombras do Álamo"


Ele se chamava Miguel, mas ninguém mais lembrava disso.

Para os turistas, era apenas mais um homem,

um vulto sentado à sombra do Álamo,

a poucos passos de onde, um dia, se fez história com pólvora e sangue.


Miguel dormia em bancos duros e sonhava com liberdade —

não a dos livros, nem a das bandeiras,

mas a liberdade silenciosa de quem já perdeu tudo e, por isso,

nada mais tem a temer.


Todas as manhãs, antes que o sol esquentasse demais,

ele caminhava lentamente pelo jardim do Álamo,

como se procurasse algo entre as pedras do passado.

Dizia, em voz baixa, que os fantasmas dos heróis vinham conversar com ele.

E talvez viessem mesmo.


Certa tarde, uma criança se aproximou, curiosa,

e perguntou por que ele ficava sempre ali.

Miguel sorriu, tirou o chapéu puído da cabeça,

e respondeu com os olhos úmidos:

— Porque até os que não têm casa precisam de um lugar pra chamar de memória.


E o Álamo, com sua história de resistência e perda,

era o abrigo silencioso daquele homem invisível.

Avatar do fotógrafo Alexandre Grand

Photographer

Alexandre Grand

Rio de Janeiro | Brazil

Foto capturada por @agrand

Sem dúvida, a fotografia tem o poder de registrar o momento exato de um fato histórico, mas também nos possibilita criar imagens que subvertem a realidade. Explico: nesta foto, não vemos o mar ao fundo — apenas o deduzimos pela presença do pescador à esquerda. Apesar da ausência de elementos visuais, a opção de superexpor a imagem nos permite brincar com a realidade, transformando-a em arte. Fotografar é poderoso!


Eu me comunico muito através das minhas fotos, seja para expressar um estado de espírito ou para criar uma realidade fantasiosa diante do mundo. Fotografar vai muito além do ato banal de apertar o botão da câmera; é compreender e se questionar: que história você quer contar quando aponta a câmera para algum lugar?


Qual será a história do seu próximo clique?

Avatar do fotógrafo Alexandre Grand

Photographer

Alexandre Grand

Rio de Janeiro | Brazil

Foto capturada por @agrand

No coração do cais, onde o concreto encontra o mar e os navios sussurram segredos de terras distantes, os meninos de rua dançam com o vento. São senhores de um império invisível, saltando entre cordas náuticas e ferrugem como se fossem acrobatas do acaso. A Baía de Guanabara, para eles, não é cenário — é lar. É piscina, é palco, é liberdade líquida.

Eles não têm paredes, nem sobrenomes importantes, nem conforto. Mas têm o céu aberto como teto e a brisa salgada como perfume. Têm o agora. E esse agora é deles por inteiro. Cada mergulho é um grito de existência. Cada gargalhada, um poema contra o esquecimento.

Dizem que não possuem nada. Mas talvez possuam tudo. Porque ter o mundo nas mãos não é acumular — é sentir. É saber que o mar está ali, que o sol ainda brilha, que a amizade cabe em um olhar.

E isso… isso é riqueza demais pra caber em qualquer bolso.

Avatar do fotógrafo Alexandre Grand

Photographer

Alexandre Grand

Rio de Janeiro | Brazil

Foto capturada por @agrand

O menino e o mar


O menino correu até a beira,

os pés descalços tocando espuma,

como se o oceano fosse brinquedo

e cada onda, segredo a ser desvendado.


Ele ria, e o mar respondia

com espelhos líquidos e sal nos lábios.

Não havia medo, apenas entrega,

como se o mundo começasse ali.


O menino e o mar se olhavam,

um cheio de sonhos, o outro de infinitos.

E naquele encontro breve e eterno,

o tempo esqueceu de passar.

Avatar do fotógrafo Alexandre Grand

Photographer

Alexandre Grand

Rio de Janeiro | Brazil

Foto capturada por @agrand

Houve um tempo em que a pressa das ligações não cabia no bolso — era preciso encontrar um orelhão. Espalhados pelas esquinas das cidades, esses telefones de rua faziam parte da paisagem e da rotina. Para usá-los, era preciso ter em mãos fichas telefônicas ou, mais tarde, alguns cartões magnéticos. Era uma época em que a comunicação exigia paciência, planejamento e, muitas vezes, enfrentar uma fila.


Essa foto é curiosa justamente por isso: ela escancara o quanto a sociedade mudou em tão pouco tempo. Hoje carregamos o mundo no bolso, mas ali, sob a cúpula de um orelhão, a conversa era breve, direta, às vezes ansiosa. E mesmo assim, havia algo de mágico naquele ritual analógico — talvez fosse o valor do tempo, da palavra, ou da espera.

Os orelhões são vestígios de uma era em que a conexão humana passava por um fio. E como tudo mudou tão rápido.

Avatar do fotógrafo Alexandre Grand

Photographer

Alexandre Grand

Rio de Janeiro | Brazil

Foto capturada por @agrand

O minimalismo nos ensina que menos pode ser mais — menos objetos, menos distrações, menos ruído. Já a solidão, quando vivida com consciência, é também uma forma de minimalismo da alma: o silêncio que nos devolve a nós mesmos. No espaço vazio surge clareza, e na ausência de excessos nasce a possibilidade de escutar o que realmente importa.

Avatar do fotógrafo Alexandre Grand

Photographer

Alexandre Grand

Rio de Janeiro | Brazil

Foto capturada por @agrand

Chamam de “salto da morte”, mas poucos entendem que não se trata do fim, e sim de libertação. No instante em que os pés deixam o chão, o corpo já não obedece às regras do peso, nem às correntes da razão. É como se o ar se abrisse em portas secretas, conduzindo a alma para além do medo. O salto não é sobre morrer, mas sobre viver sem amarras — é o voo breve onde a morte perde o sentido, e a liberdade revela sua face mais pura.

Avatar do fotógrafo Alexandre Grand

Photographer

Alexandre Grand

Rio de Janeiro | Brazil

Foto capturada por @agrand

O balet da bola


Em pleno ar, a bola dança,

leve, precisa, em giros no ar,

como bailarina sem corpo,

guiada por mãos que sonham.


Cada passe é um compasso,

um salto no espaço,

no silêncio entre aplausos

É dança, é arte, é destino:


o balé da bola a rodopiar,

transformando suor em poesia,

e a brincadeira em espetáculo do olhar.

Avatar do fotógrafo Alexandre Grand

Photographer

Alexandre Grand

Rio de Janeiro | Brazil

Foto capturada por @agrand

O caminho, o futuro, o desconhecido... o que existe no final do caminho? Até aqui, tudo valeu a pena, e eu teria feito exatamente da mesma forma. Somos o resultado das experiências que vivemos e das escolhas que fizemos. Aprendemos com os erros e celebramos os acertos. Assumir nossas decisões é essencial: quando acertamos, o sabor da vitória é ainda maior, pois foi fruto de nossa própria ação; e quando erramos, a responsabilidade também é nossa — mas o aprendizado, imenso.


Assim como a vida, nossa fotografia percorre o mesmo processo, porque ela não está dissociada de quem somos. A fotografia revela muito mais sobre nós do que sobre o assunto retratado. Fotografar é fácil. Fotografar bem também é fácil. Difícil é fotografar e se reconhecer através das próprias imagens. Envolver-se em um processo de crescimento pessoal é comprometer-se consigo mesmo — profundo, por vezes doloroso, mas necessário, pois nossas escolhas afetam não apenas a nós, mas também aqueles que amamos.


E afinal, o que há no final do caminho? Talvez seja apenas o nosso último dia. Por isso, fica a pergunta: você já fotografou hoje? E, mais importante, valeu a pena o dia de hoje?

Avatar do fotógrafo Alexandre Grand

Photographer

Alexandre Grand

Rio de Janeiro | Brazil

Foto capturada por @agrand

Ipanema


Entre dunas e maresia,

nasceu Ipanema, serena,

um refúgio de areia fina

onde o sol borda a pele com luz.


Antes, balneário discreto,

de passos lentos, vestidos longos,

banhos tomados como cura,

sussurros guardados pelo vento.


Mas o tempo, artesão inquieto,

foi talhando suas manhãs douradas,

trouxe artistas, sonhos, guitarras,

e fez da praia um palco aberto.


Hoje, cada onda que beija a areia

traz lembranças de um Rio eterno:

da elegância antiga à juventude livre,

da calma senhorial à poesia da vida.


Ipanema é mais que praia,

é canto, é corpo, é desejo,

um espelho líquido da alma carioca,

onde o sol nunca cansa de nascer.

Avatar do fotógrafo Alexandre Grand

Photographer

Alexandre Grand

Rio de Janeiro | Brazil

Foto capturada por @agrand

Inspirar-se nas artes é essencial para a vida, ainda mais se voce quer ser uma pessoa criativa. Pintura, cinema, literatura e música expandem o olhar e mostram novas formas de narrar emoções e compor imagens. Ao mergulhar em diferentes expressões artísticas, como fotógrafo, eu aprenda a enxergar além da técnica, incorporando tudo que não é óbvio, como cores, luzes, gestos e atmosferas que transformam cada clique em algo único. É desse diálogo com as artes que nasce a verdadeira criatividade: um olhar autoral, capaz de contar histórias que ultrapassam a simples fotografia e se tornam poesia visual. Já parou pra pensar sobre isso?

Avatar do fotógrafo Ana Zago

Photographer

Ana Zago

Rio Grande do Sul | Brazil

Foto capturada por @anazago

Às vezes, os planos mudam…mas o amor continua sendo o grande protagonista.

O ensaio da Bruna e do Arthur, na espera pelo João Pedro, seria ao ar livre. Tudo estava preparado para esse dia tão especial…até que recebi a mensagem da Bruna avisando que os planos mudariam. João Pedro resolveu dar sinais antes da hora, e o repouso absoluto se tornou prioridade.

Foi então que, ao entrar no apartamento deles, eu disse a mim mesma: independente do dia que eu tive, das horas de sono que eu perdi ou de qualquer cansaço, essa família merece o meu melhor.

E assim aconteceu. Sem cenários elaborados, sem grandes produções. Apenas o aconchego do lar, a luz suave entrando pela janela.

No fim das contas, não são os lugares que definem a força de uma memória, mas sim a verdade que ela carrega. E esse ensaio foi exatamente isso: verdadeiro, íntimo, cheio de significado.

Porque quando o amor transborda, ele é capaz de transformar qualquer espaço no cenário perfeito.

Avatar do fotógrafo Ana Zago

Photographer

Ana Zago

Rio Grande do Sul | Brazil

Foto capturada por @anazago

Às vezes, a vida nos surpreende e os planos saem do roteiro. O ensaio da Carol foi marcado, e não havia espaço para remarcar. Quando cheguei, a chuva caiu...suave, constante, inesperada, mas cheia de significado.

Poderíamos ter nos fechado entre paredes, e até começamos ali, dentro da cabana. Mas havia algo maior nos chamando: a coragem de se abrir para o imprevisível. Então fomos para fora.

De braços abertos, Carol recebeu cada gota como bênção. A chuva lavava o tempo, regava os sonhos e selava aquele instante com a força da natureza. No rosto dela, não havia incômodo, havia gratidão. Gratidão pelo milagre de gerar uma vida, por sentir a intensidade da espera, por se entregar ao momento como ele se apresentava.

Naquele dia, compreendi que nem sempre o cenário perfeito é o que imaginamos. O verdadeiro perfeito é o que vem carregado de verdade. E ali, entre gotas e sorrisos, o amor brilhou ainda mais forte.


Avatar do fotógrafo Ana Zago

Photographer

Ana Zago

Rio Grande do Sul | Brazil

Foto capturada por @anazago

Ser casa é muito mais do que apenas abrigar. É ser morada para o amor que ainda não conhecemos, mas que já amamos profundamente, pulsando junto ao nosso coração.

Durante meses, nosso corpo se transforma em refúgio, em solo fértil, em um mundo inteiro para essa nova vida que se forma. Ele se estica, se adapta, muda a cada dia para acomodar e nutrir quem chega. E com cada mudança, ele nos lembra da força que temos, da nossa capacidade de entregar, sustentar e proteger.

E então vem o puerpério, essa fase tão intensa e delicada. É um recomeço, mas também uma despedida da mulher que éramos antes. O corpo que abrigou, agora se reconstrói, lentamente, sem pressa. Ele carrega marcas e cicatrizes, e essas são lembranças de um amor que chegou para transformar tudo.

O corpo cansa, as emoções oscilam, e as lágrimas vêm como chuva que irriga o solo. É um tempo de entrega, de aprender a ser mãe, mas também de reaprender a ser mulher. De se redescobrir em meio ao cansaço e à exaustão, de reconhecer a beleza que há em cada curva nova, em cada marca que ficou.

Não há pressa. O corpo sabe que não precisa correr para ser o que era antes, porque, na verdade, ele agora é algo novo. É uma morada que viveu e deu vida, que se doou por completo, que carregou em si um milagre. E esse milagre, ele carrega para sempre, nas marcas, nas cicatrizes da maternidade.


Esse texto e fotografia, fazem parte da história da Elisa. Ela nos deixou precocemente, mas suas memórias fotográficas seguem como eco de sua presença. Marcas de uma história que nunca será esquecida.

Avatar do fotógrafo Ana Zago

Photographer

Ana Zago

Rio Grande do Sul | Brazil

Foto capturada por @anazago

Existem histórias que nascem da coragem.

A de Júlio e Edson é uma delas.


Eles sonharam com aquilo que parecia distante: construir uma família.

Enfrentaram perguntas, atravessaram dúvidas, suportaram o peso do impossível. Mas nunca deixaram que o desejo fosse silenciado.


O amor deles pediu espaço. Pediu raízes. Pediu herança.

E quando esse amor encontra generosidade, o improvável se torna caminho.


Foi pelas mãos, pelo coração e pelo ventre da Sandri que a vida ganhou forma.

Barriga solidária, gesto imenso de entrega, não apenas gerar, mas compartilhar esperança.


Agora, João Vicente está a caminho.

Ele já carrega em si um legado de amor que não conhece fronteiras, de fé que não se deixa quebrar, de pertencimento que nasce antes mesmo do primeiro choro.


Dois pais que nunca deixaram de acreditar.

Uma mulher que emprestou o corpo para que o sonho florescesse.

E uma criança que chega trazendo a certeza de que o amor sempre encontra uma forma de existir.


Essa é a história de Júlio, de Edson, de Sandri e, sobretudo, de João Vicente.

Uma história de vida, coragem e amor.

Avatar do fotógrafo Ana Zago

Photographer

Ana Zago

Rio Grande do Sul | Brazil

Foto capturada por @anazago

A história da Martina e do Bernardo é uma daquelas que a fotografia abraça com toda a sua potência. Minha amiga, à espera de seu terceiro filho, decidiu registrar cada detalhe dessa gestação: no estúdio, no campo, o dia do nascimento, a chegada em casa, os primeiros dias de vida e até o acompanhamento mês a mês. Memórias que seriam o tesouro da vida de Bernardo e da sua família.

Martina, além de amiga, é fotógrafa. Nossa conexão é tão forte que ela e o marido nos escolheram para sermos padrinhos do Bernardo. Em um dos ensaios, entre risos e conversas, uma intuição me atravessou: “Amiga, que tal você dar uns pulinhos, e eu capturo você flutuando em direção à luz?”. Ela topou. De olhos fechados, leve, entregue, ela se lançou para o alto com o rosto voltado para o céu.

A foto nasceu ali, intensa e luminosa. Impressa no álbum, ela se destacou entre todas as outras. Havia algo nela que transcendia a técnica: energia, leveza, beleza. O que não sabíamos naquele instante era que aquela imagem carregava também um presságio.

Hoje, olhando para essa fotografia, entendo o que minha intuição quis revelar. Era como se a luz fosse uma estrela olhando para baixo, iluminando Martina, sua família e todos ao redor. Essa estrela, em poucos meses, ganharia nome: Bernardo.

A passagem dele aqui na Terra foi breve, apenas 75 dias. Mas suficiente para deixar marcas eternas. Ele nos ensinou sobre amor, sobre presença, sobre o verdadeiro valor do tempo. E, através dessa fotografia, sua estrela segue brilhando, iluminando nossa memória e nossos corações.

Avatar do fotógrafo Ana Zago

Photographer

Ana Zago

Rio Grande do Sul | Brazil

Foto capturada por @anazago

A vida é hoje!


Alguns dias atrás, tive a alegria de registrar um ensaio newborn na casa de uma família muito especial. Estive com eles também na gestação, acompanhando a doce espera por esse bebê tão amado. No dia do ensaio, um detalhe me chamou atenção: a tatuagem do pai, gravada em sua mão: “a vida é hoje”.

Naquele momento, eu enxerguei apenas uma frase bonita. Mas hoje, ela carrega um peso e um significado ainda maiores.

Poucos dias após o ensaio, a vida mudou de forma inesperada e dolorosa. Um acidente levou embora a mãe, tão cheia de amor e entrega, deixou o pai em luta pela vida e poupou o pequeno, que saiu sem nenhum arranhão, protegido de uma forma que só Deus pode explicar.

De fato, a vida é hoje. Porque não temos controle sobre o amanhã, e porque o tempo é sempre mais frágil e precioso do que imaginamos.

Que essas imagens, registradas com tanto carinho, sejam para essa família um abraço eterno, a prova de que o amor vivido jamais se perde e que a memória se transforma em herança.

E é nesses momentos que a gente entende a preciosidade que nosso trabalho carrega. Talvez aquelas tenham sido as últimas memórias fotográficas que esse filho terá dos pais juntos.

Avatar do fotógrafo Ana Zago

Photographer

Ana Zago

Rio Grande do Sul | Brazil

Foto capturada por @anazago

As picadinhas do amor


Ser mãe é, tantas vezes, ser feita de coragem.

É transformar medo em esperança, dor em promessa.

As injeções que marcam a pele são mais do que remédios:

são pequenos atos de entrega,

cicatrizes de uma luta silenciosa,

caminhos abertos para que a vida floresça.

Cada picadinha é uma declaração de amor antes mesmo do primeiro olhar.

É a mãe dizendo ao filho: “Eu vou até onde for preciso para te ter nos meus braços.”

A trombofilia impõe desafios, mas o coração materno insiste em vencer.

E mesmo quando a estrada é marcada por perdas,

a esperança se veste de arco-íris,

mostrando que após a tempestade sempre pode nascer um novo sol.

Porque ser mãe é isso:

carregar o peso da dor com leveza,

fazer da luta poesia,

e transformar cada lágrima em força.

No fim, o que fica é o bem mais precioso:

um amor que começa antes da vida

e nunca termina.

Avatar do fotógrafo Ana Zago

Photographer

Ana Zago

Rio Grande do Sul | Brazil

Foto capturada por @anazago

A história da Michele e da Taís é feita de espera, coragem e amor em sua forma mais pura. Foram sete anos de sonhos, de orações e de dias contados...até que o coração delas pudesse viver o encontro mais esperado: ter a filha nos braços.

Elas sempre souberam que um lar não é apenas paredes, mas afeto, acolhimento e cuidado. E foi esse amor transbordante que as sustentou ao longo da jornada, entre incertezas, esperas e a coragem de nunca desistir. Porque ser mãe é, antes de tudo, acreditar que o impossível pode florescer quando se ama com todo o coração.

E então, veio Liz. A promessa de Deus, a luz que chegou para colorir os dias, preencher os silêncios e ensinar que o tempo da vida é perfeito, mesmo quando parece demorado. Ela é a realização de uma família que nasceu muito antes do encontro físico. Nasceu no desejo, no amor e na entrega de duas mulheres que enfrentaram tudo para viver este momento.

Hoje, os braços que tanto aguardaram se enchem do bem mais precioso. E no olhar da Michele e da Taís, vemos a tradução mais verdadeira do que é ser família: amor, coragem e a certeza de que todo o caminho valeu a pena.

Avatar do fotógrafo Danilo Almeida

Photographer

Danilo Almeida

São Paulo | Brazil

Foto capturada por @daniloalmeida

Na escada que desce das redes sociais, a gente não volta de um disco voador. A gente volta de um mundo onde o espetáculo substitui o real. No degrau final, a conexão é a gravidade e o momento presente, o nosso único lar. Bem-vindos de volta à Terra.

Avatar do fotógrafo Diego Saldanha

Photographer

Diego Saldanha

Rio de Janeiro | Brazil

Foto capturada por @diegosaldanha

Palavras de Maria Eduarda Ibrahim, afilhada e bisneta...


"Essa foto carrega muito mais que um momento de formatura, ela guarda uma despedida silenciosa e cheia de amor.

Tive o privilégio de viver esse dia ao lado da minha madrinha, bisa e matriarca da nossa família. Uma mulher forte, sábia, e cheia de histórias que moldaram e moldam ainda gerações. Um verdadeiro exemplo para nossa família.

Ela era vó da minha mãe, mas pra mim sempre foi presença firme, abraço doce e olhar acolhedor. Ter essa foto comigo nesse dia tão especial foi um presente que hoje entendo com ainda mais profundidade.

É como se, de alguma forma, ela soubesse que estava se despedindo e me deixou esse registro pra lembrar pra sempre que o amor dela vai comigo pra qualquer lugar que eu for."


Data da foto: 16/05/2025

Falecimento: 19/05/2025


Avatar do fotógrafo Eduardo Neri

Photographer

Eduardo Neri

Paraná | Brazil

Foto capturada por @eduardoneri

Quando o matrimônio parece estar nas sombras


Essa fotografia traz uma mensagem poderosa. No alto, iluminado pelo sol, vemos Cristo crucificado: a maior expressão do amor e da entrega. Na base, a sombra de um casal que se olha com ternura, refletindo seu amor humano diante da cruz.


O simbolismo é profundo: mesmo quando o matrimônio parece estar nas sombras, há sempre uma luz mais forte que vem do alto. Cristo permanece acima, iluminado, mostrando que Ele é a verdadeira luz na vida de todo casal.


Essa imagem nos recorda que o amor humano encontra sua força no amor divino. Que o matrimônio não é apenas uma união entre duas pessoas, mas um reflexo da entrega de Cristo, capaz de iluminar e dar sentido até mesmo aos momentos mais sombrios.

Avatar do fotógrafo Eduardo Neri

Photographer

Eduardo Neri

Paraná | Brazil

Foto capturada por @eduardoneri

O Milagre das Rosas


“Desde adolescente sempre gostei muito das missas celebradas a Santa Teresinha do Menino Jesus que é a padroeira da cidade onde moro, Bandeirantes-Pr. As missas são sempre celebradas no dia primeiro de cada mês, mas tem como dia principal o dia 01/10.

Sempre que pedimos a intercessão de Santa Terezinha junto a Deus para que alcancemos uma graça, como um sinal de que ela atenderá nosso pedido ela nos envia uma rosa através de alguém.


Eu queria muito ser mãe, e após duas percas gestacional acabei desanimando de tentar novamente, talvez por receio de passar por todo o sofrimento de novo ou até mesmo por pensar que eu não estaria destinada a viver esse milagre. E estava tudo bem se não fosse, pois entendia que Deus sabe o que é melhor para cada um de seus filhos.


Em 2023 senti no coração a vontade de fazer a novena de Santa Terezinha que se inicia à nove dias do dia 01/10, mas nunca gostei de ir sozinha. Meu marido me acompanha às missas todo o dia primeiro de cada mês, mas não quis me acompanhar na novena. Decidi ir mesmo assim. No caminho falei que se encontrasse minha irmã iria chamar ela para ir comigo, ela estava trabalhando e só saia às 19:00, horário em que começaria a novena, e a encontrei virando a esquina para chegar na casa dela, a convidei e ela aceitou. No terceiro dia eu desanimei e não queria ir mais fazer a novena,mas minha irmão não deixou eu desistir e fomos juntas até o final.


O meu pedido durante todos os dias da novena era apenas um, o de que eu pudesse ser mãe. Ganhei 5 rosas de diferente pessoas e aquilo encheu meu coração de esperança novamente.


No dia 26/10 recebi o meu positivo. Sigo um aplicativo que marca o início da gestação exatamente no do 23/09, o dia em que iniciei a novena. Hoje estou com 31 semanas de gestão, cada dia mais perto de conhecer meu pequeno com a graça de Deus e pela intercessão de Santa Teresinha. Hoje, tenho guardada as rosas que ganhei e as que sigo ganhando como sinal de que ela intercedeu e ainda intercederá por mim.”


Carla Pelizari (Gestante da foto)



Avatar do fotógrafo Fernanda Toigo

Photographer

Fernanda Toigo

São Paulo | Brazil

Foto capturada por @fernandatoigo

Ela me puxou pela mão, e me olhou nos olhos. Com seus grandes olhos de jabuticaba e seu dentinho de leite, pendurado para fora dos lábios. O extraordinário morando na cena cotidiana de uma filha chamando sua mãe. Ela olha para cima e eu me curvo para ve-la, desde que ela aprendeu a andar. Me pergunto, todos os dias, até quando olherei para baixo. Minha doce Luiza. Registro em ti tudo que sou, para que um dia me vejas em ti.

Avatar do fotógrafo Jeferson Perrot

Photographer

Jeferson Perrot

Paraná | Brazil

Foto capturada por @jefersonperrot

“Entre lágrimas e eternidade”


Nesta imagem, um instante que parece breve se torna eterno: o olhar de uma mãe para o filho, no altar.


Mas por trás dessas lágrimas havia uma batalha silenciosa. Acamada, lutando contra o câncer e com forças já tão frágeis, ela reuniu cada gota de coragem para estar presente. Conduziu seu filho até o altar, permaneceu o quanto pôde, e, mesmo sem resistir até o fim da celebração, fez questão de estar nas fotos com a família.

Pouco tempo depois, partiu — deixando, neste olhar, a eternidade do seu amor.


Esse momento me marcou de forma profunda. Em 2020, perdi meu pai para o câncer. Ao testemunhar a história dessa mãe, foi impossível não reviver minha própria dor, não me reconhecer naquela despedida silenciosa. Precisei parar, me ausentar, respirar e secar minhas lágrimas antes de continuar fotografando.


Esse casamento ressignificou tudo o que eu conhecia sobre fotografia de casamentos. Me fez entender o poder de cada clique que fotografo: não apenas registrar, mas eternizar histórias que jamais podem ser esquecidas.

Avatar do fotógrafo Júlia Wagner

Photographer

Júlia Wagner

Rio Grande do Sul | Brazil

Foto capturada por @juliawagner

O gesto simples de um avô segurando sua neta carrega uma imensidão de sentidos. É o elo entre gerações, o guardião da memória familiar. Sua mão, que já sustentou tantas histórias, agora repousa com ternura sobre Ingrid. Aqui, o tempo se dobra. A experiência e a juventude se encontram.

O amor não precisa de palavras, está inteiro nesse toque suave, nesse olhar cúmplice.

Ser avô é isso: ser porto seguro, ser afeto traduzido em gesto. É um amor que chega mais leve, doce, sem a pressa da juventude, como se fosse uma segunda chance de viver o cuidado.

Essa imagem se torna um testemunho silencioso de como os laços familiares não se limitam ao sangue, mas se estendem em presença, em dedicação, em ternura.

Um retrato que guarda, para sempre, a doçura do amor entre gerações.

Avatar do fotógrafo Júlia Wagner

Photographer

Júlia Wagner

Rio Grande do Sul | Brazil

Foto capturada por @juliawagner

Há amores que chegam cedo, outros que se demoram para acontecer, mas quando chegam, trazem em si a sensação de que sempre estiveram ali. Larissa e Tiago se encontraram depois de outras histórias, cada um trazendo na pele suas marcas, suas cicatrizes, seus símbolos. E foi nesse encontro tardio que descobriram que o amor, quando é verdadeiro, não precisa ser perfeito, só precisa ser inteiro.


As tatuagens que carregam são páginas de histórias distintas, mas agora se entrelaçam. Na mão, o “Sou/nós” que, dependendo do olhar, revela a essência desse amor: dois que se tornam um, sem perder sua individualidade. Companheirismo, parceria, respeito não são apenas palavras, são vivências diárias, tatuadas no coração antes mesmo da pele.


Essa fotografia é mais que um retrato de casal, é a materialização de um encontro que mudou destinos. A lembrança de que o amor pode recomeçar a qualquer tempo, e que, quando encontra abrigo, floresce sem medo.

Avatar do fotógrafo Laura Spohr Batista

Photographer

Laura Spohr Batista

Rio Grande do Sul | Brazil

Foto capturada por @laurasbatista

O céu estava azul e ensolarado, os passarinhos cantavam e o sorriso da Cecília completava o brilho daquele final de tarde de janeiro.

Tudo seguia tranquilo, até que a Martina chegou com o presente nas mãos. Foi então que aconteceu o inesperado: Cecília saiu correndo, fugindo dela! O gesto de entregar algo simples se transformou em brincadeira. Uma corria para escapar, a outra corria para alcançar. E assim, entre risadas, nasceu essa lembrança.

Hoje, em preto e branco, a fotografia guarda não apenas a fuga divertida, mas também a magia da infância: a simplicidade, a aventura e histórias que ficam para sempre e que divertiu todos ao redor.


Avatar do fotógrafo MARCELO MARQUES

Photographer

MARCELO MARQUES

Paraná | Brazil

Foto capturada por @marcelomarques

Domingo na vó. Os domingos passam despercebidos meses a fio. E de pouco em pouco nossos filhos vão mudando. Em silêncio.


De repente se cansam de engatinhar e resolvem andar. E lá se foi um bebê que engatinhava. De repente deixam de falar engraçado e acertam as palavras. E lá se foi uma criancinha que falava fofo. De repente já se trocam sozinho, penteiam o cabelo e interfonam pros amigos avisando que vai descer.


E trocam a sandália que você comprou pela chuteira que ele escolheu. Riem de coisas que não fomos nós que ensinamos. Um dia seu coração aperta de deixar ele na escola pela primeira vez. No outro, eles beijam rápido na nossa bochecha pra sair correndo pro mundo.


Mas os domingos vêm e vão toda semana. Como um lembrete da vida nos dizendo, “olha, cheguei de novo e amanhã já é outro dia”. Outro mês. Outro ano. Outro filho.


A cada domingo você tem um filho diferente.

Avatar do fotógrafo Michel Neumann

Photographer

Michel Neumann

Rio de Janeiro | Brazil

Foto capturada por @michelneumann

Meu nome é Pablo tenho 32 anos, sou casado com a Karine e com ela tenho 3 filhos, sou muito feliz por tudo que Deus fez em minha vida.


Essa foto foi tirada pelo meu amigo Michel e ela significa muito pra mim, é uma das que eu mais gosto pois ela retrata a melhor escolha que fiz na minha vida.


Eu era um jovem perdido, cheio de tribulações, bebia muito, um espírito de confusão tremendo me tomava, era totalmente rebelde e não conhecia a Deus.


Antes de conhecer a Deus, fui porta de muitos males, levei muitas pessoas as Drogas, a bebedeira a prostituição lugar a onde muitas delas estão até hoje.


Minha conversão a Deus se deu no ano de 2011 para 2012 estava em um retiro

Cheguei naquele lugar e fui amado de uma forma ao qual eu nunca tinha sentido antes, ali eu conheci Jesus que não me condenou pelos meus pecados, encontrei um Deus que não quis saber a onde eu andei Ele só queria minha alma, ele só queria um Sim meu para que eu pudesse mudar minha vida, e eu mesmo com muita dificuldade resolvi aceitar aquele chamado de Deus a uma vida nova e ali eu firmei uma aliança com Deus pois sabia que já tinha feito muita coisa ruim, e eu fiz a seguinte aliança com Deus (Na mesma proporção que eu fui usado pelo mal para perder as almas, eu entregaria minha vida a Ele e me esforçaria para alcançar o máximo de almas que eu conseguisse.)


E assim foi feito, minha vida mudou, de jovem perdido, drogado, cachaceiro, que habitava um espirre confusão forte de agora em diante eu era de Deus, eu me decidi a mudar, e desde então batalho até hoje para fazer valer a aliança que eu fiz com Deus.


Até que chega o ano dessa foto, era 2023 um dos anos mais difíceis da minha vida, onde minha fé foi colocada a prova, tinha acabado de perder minha mãe que me criou com tanto amor e perdi minha vó que foi quem deu suporte na minha criação, elas eram meu alicerce e eu vi isso desmoronar, se não bastasse isso eu tinha acabado de perder minha casa nas chuvas de 2022, me vi sem casa e sem minha base familiar, sozinho com minha esposa grávida e meu primeiro filho de colo com apena 3 anos vivendo aquilo tudo, minha fé estava a prova, e fomos passar um avivamento para homens e ali Deus me lembrou de onde ele me tirou, Ele me lembrou de suas promessas e também da promessa que eu havia feito a ele, e eu me lancei mesmo diante de toda confusão e dor que eu tinha dentro de mim, no momento dessa foto estávamos fazendo um momento de oração com aqueles homens e ali Deus curava corações e ali Deus dava uma nova oportunidade de vida a muitos deles, retirando de cadeias de vícios de pecados e naquele momento ele cuidava também de mim novamente me fazendo voltar lá trás e enxergar que nem sempre vai ser fácil, mas me garantindo que Ele estaria comigo todos os dias da minha vida, que Ele é quem cuida de mim que além de ser meu Deus é meu pai , eu não me contive em ver aqueles homens sendo tocados por Deus e sentir Deus curando meu interior a s lágrimas caíram e não podiam ser contidas, e nesse momento o meu irmão de caminhada Michel fez essa foto linda que tanto significa pra mim, até hoje eu guardo essa foto com muito carinho e sempre que a vida está difícil e querendo me fazer sucumbir eu olho pra ela e lembro que esse Deus morreu por mim me salvou cuidou das minhas feridas lá trás e hoje me deu dignidade para ser pai, esposo, honesto, bondoso e não mais alguém ruim. Hoje Deus me confia uma missão de evangelização que eu tanto amo e que tanto faz bem as pessoas, essa foto retrata quem eu sou minha escolha de vida, eu carrego uma cruz também em meu peito pois eu sei de onde eu vim e pra lá eu não volto nunca mais, pois escolho por Deus todos os dias de minha vida.


Avatar do fotógrafo Rafael Zanella

Photographer

Rafael Zanella

Rio Grande do Sul | Brazil

Foto capturada por @rafazanella

Esse é o Marlon. Quem vive na nossa cidade conhece esse sorriso, um sorriso que parece carregar o peso e, ao mesmo tempo, a leveza de quem já viu e viveu muito. Ele está sempre ali, presente, caminhando pelas ruas como se fosse parte viva da nossa paisagem. Marlon é daqueles rostos que a gente não esquece, não porque ele queira chamar atenção, mas porque ele simplesmente é a nossa cidade em movimento.

Fazer esse retrato foi um presente raro. Marlon não costuma parar. Não costuma se deixar fotografar. Ele vive no seu próprio ritmo, quase sempre apressado, como se estivesse sempre a caminho de um destino importante. Mas, nesse instante, o tempo pareceu suspender a pressa, e eu tive a sorte de estar ali, com a câmera na mão e o coração aberto para receber esse momento.

O que muitos não sabem é que, todos os dias, sem que ninguém peça, sem receber nada em troca, Marlon recolhe o lixo espalhado pelas ruas. Ele não faz disso um ato de heroísmo, nem busca reconhecimento. Faz porque sente que é o certo. Porque ama a cidade que o acolhe e quer vê-la limpa, bonita, viva. Enquanto tantos passam apressados, ele se abaixa, pega o que está fora do lugar e segue o caminho, quase invisível para quem não presta atenção, mas essencial para quem entende que são gestos assim que mantêm uma comunidade de pé.

Essa imagem, à primeira vista simples, carrega para mim a alma da nossa cidade. Porque, em meio a tantas histórias que se cruzam aqui, a de Marlon é uma das mais silenciosas e bonitas. Ele caminha, ele cuida, ele mantém viva a ideia de que amor pelo lugar onde vivemos se demonstra, muitas vezes, nos gestos mais discretos.

E talvez seja por isso que, toda vez que eu cruzar com esse sorriso pelas ruas, vou lembrar que a cidade não é feita apenas de casas e ruas. Ela é feita de gente como o Marlon.

Avatar do fotógrafo Rafael Zanella

Photographer

Rafael Zanella

Rio Grande do Sul | Brazil

Foto capturada por @rafazanella

Nesse ponto Sr.Zanini começou a sua história como taxista, lado a lado com o irmão João. E desde então, mais de 48 anos se passaram. Quase meio século de histórias contadas no banco da frente de um táxi, de risadas divididas com passageiros, de dias quentes, madrugadas frias e incontáveis corridas que, mais do que transportar pessoas, levaram afeto e atenção.

O Sr. Zanini é dessas pessoas raras: simples, generosas, com um brilho no olhar que nos lembra que não é preciso muito para ser feliz. Seu ponto de trabalho é quase um retrato do tempo: a velha cadeira de praia, já marcada pelos anos; o jornal diário, fiel companheiro; e o telefone fixo, que resiste firme desde antes da chegada dos celulares. Tudo isso compondo uma cena que é tão parte da cidade quanto suas próprias ruas.

Durante nossa conversa, ele me mostrou o que é valorizar o trabalho e viver com humildade. Falou com serenidade sobre dedicação, sobre servir e estar presente. Como ele mesmo disse, com a sabedoria de quem viveu muito:

"Estamos aqui nessa terra para servirmos uns aos outros e sempre estendermos a mão com um sorriso no rosto."


Um exemplo vivo de persistência, dignidade e amor pela profissão. Sua história é um lembrete de que o tempo passa, mas a essência de quem serve com o coração nunca envelhece.

Avatar do fotógrafo Rafael Zanella

Photographer

Rafael Zanella

Rio Grande do Sul | Brazil

Foto capturada por @rafazanella

De origem senegalesa, Mbaye tem 32 anos de idade e há 9, o Brasil se tornou sua segunda casa. Sua história começa muito antes de pisar aqui, em uma terra marcada por dificuldades, mas também pela coragem de sonhar. Foi essa coragem que o fez deixar seu país natal e vir para o Brasil ao lado de sua esposa, que agora carrega no ventre o primeiro filho do casal: um menino que já nasce cercado de esperança.

Quem cruza com Mbaye logo percebe: seu sorriso aberto, daqueles que vão de orelha a orelha, é capaz de iluminar até os dias mais nublados. Ele carrega consigo uma simplicidade desarmante, que torna qualquer conversa mais leve. É impossível não sentir que existe algo profundamente verdadeiro no jeito como ele olha para a vida.

Hoje, Mbaye é dono de sua própria loja, instalada em uma sala no centro da cidade. Mas ele não esquece de onde veio. Mantém, com carinho e gratidão, o seu ponto inicial na praça, o mesmo lugar onde, um dia, começou a transformar seu sonho em realidade.

Sua presença é um lembrete de que a leveza não é ausência de luta. É, sim, a escolha de carregar as dificuldades sem perder a fé. Nos traços de Mbaye, há marcas de uma vida que já enfrentou tempestades, mas que nunca deixou de acreditar no amanhecer.

Mbaye não é apenas um comerciante. É um exemplo silencioso de esperança. É prova viva de que, mesmo quando a vida parece dura, sempre existe um jeito de sorrir.

Avatar do fotógrafo Thiago Gimenes

Photographer

Thiago Gimenes

São Paulo | Brazil

Foto capturada por @thiagogimenes

A Cinderelinha

perde o sapato na escadaria,

mas não perde a pose

perde o tempo,

mas não se atrasa

perde o jeito

mas não perde o sorriso


A Cinderelinha

é autossuficiente

ela mesma volta

ela mesma encontra

ela mesma recupera

ela mesma calça

seu sapato, que

não é de cristal


porque nada,

nem ninguém

quebra a Cinderelinha

porque a Cinderelinha

se vira

e segue o baile

Avatar do fotógrafo Tiago Magdantz

Photographer

Tiago Magdantz

Rio Grande do Sul | Brazil

Foto capturada por @tiagomagdantz

Durante a maior catástrofe natural da história do Rio Grande do Sul — as enchentes de 2024 — Lara dá seus primeiros passos como médica. Há poucos minutos, em uma sala modesta do complexo da Universidade do Vale do Taquari, em Lajeado, ela havia feito um juramento solene.

"Prometo solenemente consagrar minha vida ao serviço da humanidade."

Ela poderia ter esperado. Poderia ter escolhido a toga, os aplausos, o teatro lotado, os olhos marejados da família ao vê-la receber o tão sonhado diploma. Mas a realidade gritava mais alto.

Lara decidiu se formar em gabinete, em caráter emergencial, para atender imediatamente em um hospital de campanha recém-montado. Abriu mão do palco da celebração para entrar direto no front da tragédia.

Aqui, o vermelho não é só símbolo da urgência e do perigo — é também da coragem, da entrega e da paixão.

Com o queixo erguido e o coração firme, ela parte para cumprir o juramento. Não como uma formanda, mas como uma médica.

Avatar do fotógrafo Tiago Magdantz

Photographer

Tiago Magdantz

Rio Grande do Sul | Brazil

Foto capturada por @tiagomagdantz

Cada quadro que elas carregavam não era apenas uma fotografia emoldurada, era a presença daqueles que deveriam estar ali, celebrando o momento com sorrisos e orgulho.

O som das batidas do coração de ambos se misturava com o passo lento das mães, que, ao carregarem os retratos, também traziam a memória e a ausência.

A dor da perda, naquele momento, se transformou em celebração. O que antes parecia saudade, agora se tornava a força que sustentava o juramento que estava sendo feito. Mesmo ausentes, os pais estavam ali, mais próximos do que qualquer um poderia imaginar. Em cada gesto, em cada lágrima, em cada sorriso, o amor deles ainda guiava os filhos.

A cerimônia não reunia apenas duas pessoas apaixonadas, mas também a saudade que, longe de enfraquecer, fazia aquele momento ainda mais especial. Eles não estavam sozinhos.